domingo, 16 de janeiro de 2011

**O CAMPEÃO**

> Ele tinha o corpo de um peso-pena. Mas o que aquele garoto
> de quinze anos não tinha em força e velocidade, tinha em
> atitude. Jason nunca faltava a um treino, embora raramente
> tivesse a oportunidade de jogar, e mesmo assim, só nos
> minutos finais do jogo, quando nosso time estava pelo menos
> dois pontos na frente do adversário. Mas o número 37 nunca
> reclamava e sempre dava o melhor de si – mesmo que isso
> fosse bem pouco. Eu era o treinador do time.
> Certo dia, ele não apareceu no treino. Quando faltou no
> segundo dia, telefonei para a casa dele para saber o que
> estava acontecendo. Um parente que atendeu ao telefone disse
> que o pai de Jason havia morrido e que a família estava
> organizando o enterro.
> Duas semanas mais tarde, meu fiel número 37 compareceu
> novamente, pronto para treinar. Só faltavam três dias para
> o próximo jogo. Era a partida decisiva da temporada, contra
> nosso rival mais forte.
> Quando chegou o grande dia, meus melhores jogadores estavam
> preparados para entrar em campo. Todos os rostos familiares
> se encontravam ali, menos um – Jason. De repente ele
> apareceu do meu lado e, com uma expressão e uma atitude
> completamente diferentes, afirmou:
> - Hoje eu vou começar a partida jogando. Já estou pronto
> – Não deu espaço para recusas ou argumentações. Quando
> o jogo começou, ele estava na sua posição em campo. O
> jogador titular, no lugar de quem ele entrara, estava
> sentado, atônito, no banco de reservas.
> Naquele dia, Jason jogou como um craque. Sob todos os
> aspectos, ele estava igual, ou melhor, que o melhor jogador
> do time. Corria rápido, encontrava todas as brechas para
> lançar e para receber, saltava em pé depois de cada
> colisão, como se nunca tivesse levado um golpe. Na metade
> do jogo já tinha feito três pontos. Num desfecho triunfal,
> como se quisesse remover qualquer dúvida da mente de todos
> nós, fez nosso último ponto, nos segundos finais da
> partida.
> Enquanto corria para fora do campo com o resto do time,
> Jason recebeu uma saraivada de tapinhas nas costas e
> abraços dos demais jogadores, embalados pelos gritos e
> aplausos ensurdecedores da multidão. Mas, apesar de toda a
> adulação, Jason conseguia manter sua atitude humilde,
> discreta.
> Surpreso com a súbita transformação, cheguei perto dele
> e perguntei: “Jason, você esteve extraordinário hoje.
> Quando fez o segundo ponto, tive que esfregar os olhos e me
> beliscar. Mas, no final do jogo, minha curiosidade me
> venceu. O que aconteceu com você?”
>
>
> Hesitante de início, Jason explicou: “Bom, treinador
> Williams, o senhor sabe que meu pai morreu faz poucos dias.
> Quando o meu pai estava vivo, ele era cego e não podia me
> ver jogar. Mas, agora que morreu ele podia me ver e esta,
> portanto, foi a primeira vez que ele pôde me ver jogar. E
> eu queria que ele ficasse orgulhoso”.
>
> Nailah Malik
>
>

Obs. Cada um de nós tem seus motivos para fazer as coisas.
 Mas, alguns apenas têm justificativas para não fazer.
 Você é dos que procuram motivos para fazer ou dos que
buscam justificativas para não fazer?



(CASA DE LUCAS ABRIL DE 2007)

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